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13/07/2025

Sussurros na Escuridão - O último conto de HP Lovecraft (Graças a Deus)

capa do livro "sussuros da escuridão" de HP Lovecraft

Não tinha como não comentar meu desfecho literário com H.P. Lovecraft depois dos meus últimos posts contanto como foi minha experiência com os primeiros dois livros, de um total de três, de contos do autor publicados pela Editora Pandorga (que nome ruim, por Crom!).

Não vou ficar me repetindo sobre a experiência com os dois primeiros volumes, os breves relatos estão aqui e aqui contando minha decepção com o Cthulhu e minha positiva surpresa com "A cor que caiu do espaço".

Diferente dos outros dois livros, este último traz apenas um único e longo conto chamado "Sussurros na escuridão".

Este conto foi escrito entre fevereiro e setembro de 1930 e publicado em agosto de 1931 na revista "Weird Tales", a mesma que publicada os contos de Conan, o Bárbaro.

Citando a introdução do conto:

"Em Sussurros na escuridão, Lovecraft insinua mais uma vez sua filosofia de vida e demonstra claramente sua descrença na supremacia humana. Mostra-nos como, quase sempre, seus heróis eruditos são forçados a enfrentar um novo e terrível paradigma. É o habitual, o tranquilo e o previsível sendo arrebatado pelo sobrenatural, deixando o rastro de horror em um mundo onde os seres humano não estão sozinhos".

O conto começa como tudo do Lovecraftcarta, relato, meta-relato, lendas locais, disse-me-disse, fofoca de cidade do interior, etc. Aqui, o professor Wilmarth se envolve numa troca de correspondências com o misterioso Henry Akeley (um aposentado com muito tempo livre e "doidinho do centro" local).

Akeley mora em Vermont, região rural, cheia de florestas escuras, riachos gelados, colinas e fazendas onde se você escuta um porco guinchando pode ser só um porco mesmo ou o som de um ritual ancestral para invocar deuses cósmicos. Nunca se sabe.

Enfim, Akeley escreve cartas cada vez mais paranoicas para Wilmarth, dizendo que existem “seres” no bosque, “coisas” que aparecem à noite, que deixam marcas, vozes sussurradas em tons sinistros e que o estão perseguindo por tentar alertar as pessoas sobre sua existência, pois de todos os seres humanos que viram esses criaturas com os próprios olhos, não sobrou nenhum para contar história.

sussurros na escuridão ler online

A maior parte desse conto se passa através de leitura de cartas, um diálogo entre Wilmarth e Akeley. As cartas ficam cada vez mais assustadoras conforme os dois vão trocando informações sobre as estranhas criaturas, até o momento em que estas tentam continuamente isolar Wilmarth em sua fazenda, cortando sua linha de telefone e interceptando suas cartas, para que este pare de divulgar informações sobre elas, até chegar ao ponto de tentarem assassiná-lo todas às noites.

Isso vai ocorrendo até que Akeley recebe uma carta muito estranha de Wilmarth dizendo que ele fez as pazes com as criaturas e que estas o chamaram para visitar seu planeta natal, Yuggoth, que fica ali na borda da galáxia, mais ou menos onde Judas perdeu as botas.

Claro né, quem nunca quis dar um rolê espacial com caranguejos alienígenas com asinhas de morcego?

Ah é, eu esqueci de mencionar, tais seres se parecem com caranguejos alienígenas do tamanho de um homem e que tem asinhas de morcego pequenas que não servem para voar e que falam com uma voz sinistra e quase incompreensível.

Não vou mentir, a escrita de Lovecraft nesse conto e o clima de suspense me pegou, mas me incomodou pra caramba da grande ameaça serem caranguejos-gigantes-com-asinhas-de-morcego. Fica um pouco difícil de levar as coisas a sério desse jeito, mas ok.

Nesse momento da história achei que haveria uma grande reviravolta porque ÓBVIAMENTE que isso seria uma mentira e uma estratégia para atrair Wilmarth até a casa de Akeley e dar um fim nele.

MAS ELE ACEITA A VAI ATÉ LÁ SÓ POR CURIOSIDADE!

Quase desisti do livro nessa hora, mas já tinha ido longe demais pra voltar atrás (grandes cagadas já foram cometidas após alguém dizer essa frase).

Ao chegar na cabana, Wilmarth percebe que as coisas, ÓBVIAMENTE, estão estranhas. Não vou falar mais para entrar em spoilers, mas o final é bem anticlimático.

Não achei a leitura ruim, mas também não recomendo a ninguém. 

Na verdade, em retrospectiva não acredito que li mais de 100 páginas de um conto sobre caranguejos espaciais com asinhas de morcego... talvez eu devesse repensar as minhas escolhas de vida.



01/07/2025

Mulher Maravilha Terra Um / A Cor que Caiu do Céu

Box HP Lovecraft Pandorga

Por aqui segui bravamente lendo meu livro de contos de horror de HP Lovecraft. Segui por pura insistência mesmo e terminei o primeiro volume. Como não tinha nada mais disponível para ler no formato físico acabei indo para o segundo volume e não me arrependi.

"A cor que caiu do céu" da nome e abre o segundo volume da trilogia de livros de contos lançada pela Editora Pandorga (que nome ruim, pelo amor de Crom!).

O conto do Cthulhu é o conto pelo qual H.P. Lovecraft é mais conhecido, porém "A cor que caiu do céu" (também um de seus contos mais famosos) é muito melhor que o conto do cara de polvo. 

Um clima de mistério e horror do início ao fim que me prendeu e me deu fôlego para ler os demais contos do livro e valeu a pena.

Não só este conto é muito bom como todos os demais contos do segundo livro superam os do primeiro.

Para quem estiver curioso, os outros contos desse segundo volume são:

  • Ele
  • O Horror em Red Hook

Se antes estava desanimado para continuar a leitura, agora quero logo partir para o terceiro volume!

**

Fazia já um tempo que eu queria ler alguma coisa da linha DC de Bolso, porém tudo que era lançado eu já tinha, então deixei passar.

Porém, recentemente a Panini lançou "Mulher Maravilha: Terra Um" nesse formato, compilando três edições capa dura em um único volume.

Para quem não sabe, a DC de Bolso tem como objetivo ser uma publicação econômica. Nos EUA cada edição custa apenas $9,90, realmente econômico. Para isso usa o papel off-white e tem um formato intermediário entre um mangá e um comic americano.

Eu gostei da economia de dinheiro e de espaço, embora o papel off-white e o tamanho reduzido prejudique bastante os desenhos, porém para mim o que importa mesmo é a história.

Para comparar, apenas o volume três de MMTU em edição capa dura custa R$52,90. Já os três volumes compilados na DC de bolso saem por R$67,90. Para mim compensa e muito.

Já a história em si eu gostei bastante, embora no volume três o Grant Morrison tenha dado as suas viajadas pseudo "Alan-Moorianas" e tenha deixado muito a desejar, mas ainda assim me entreteu.

Já a arte de Yanick Paquette ("Y, o Último Homem") é excelente, seja qual for o papel ou formato utilizado. 

Se você gosta da Mulher Maravilha e também de economizar, eu recomendo muito!

Mulher Maravilha Terra Um DC de Bolso e capa dura


28/05/2025

Cthulhu: não tão assustador assim

Box Lovecraft Editora Pandorga

Recentemente aproveitei uma das já raras boas promoções da Amazon e comprei um box da Editora Pandorga do autor H.P. Lovecraft, que dispensa maiores apresentações.

Me custou algo em torno de 35 'descondenados' 3 livros com bom acabamento, o box em si, marca páginas e um pôster.

Eu me senti praticamente roubando a editora.

Vale destacar que eu fiquei com vontade de ler alguma coisa do Lovecraft porque eu li recentemente três livros de contos do Conan lançados também pelo Pandorga e no último livro tem alguns contos em que se nota que Conan luta contra inimigos que são descritos como "horrores cósmicos", difíceis de descrever em palavras.

Nas notas da edição, o autor conta que isso foi influência que a obra de Lovecraft exerceu no no Robert E. Howard. Ambos eram contemporâneos e chegaram a trocar cartas.

Fiquei interessado e comprei os livros do contos do Lovecraft. Aproveitei e comecei logo pelo livro que tinha sua obra mais famosa, o conto do Cthulu.

Sinceramente, não achei nada demais.

Não gostei do estilo da narrativa, onde o personagem principal conta a investigação que seu falecido tio fazia sobre cultos obscuros, investigação essa que acabou levando-o a morte, a princípio por causas naturais, mas depois acaba descobrindo que não foi bem assim.

O conto inteiro, dividido em dois capítulos, tem um ritmo arrastado, com o protagonista narrando as descobertas do seu tio e suas próprias descobertas, além das desventuras de outros personagens envolvidos na trama.

Mas nunca vemos diálogos ou ouvimos as vozes desses personagens (muito mais interessantes que o protagonista, diga-se de passagem), apenas a narração dos acontecimentos.

Não achei ruim o conto, porém esperava mais. Agora estou com uma preguiça danada de continuar lendo e sequer cheguei na metade do primeiro livro.

Alguém poderia me dar uma palavra de incentivo para continuar a leitura?