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24/12/2025

Mônica Especial de Natal n° 7 (2004)

Mônica Especial de Natal n° 7

E aí rapaziada, como estamos?

Eu queria fazer um post temático de Natal sobre a revistinha Mônica Especial de Natal nº 7, publicada em 2004 pela Editora Globo. 

Digo queria porque me deu uma baita preguiça de fazer um post mais elaborado, mas não queria deixar a data passar em branco, ou o correto seria dizer que eu não queria deixar a data passar em caucasiano? Enfim... em todo o caso, ei-lô aqui.

É um total de 19 histórias divididas em 164 páginas. Temos histórias protagonizadas pela Turma da Mônica, Chico Bento, Mingau, Magali, Bidu, Louco, Papa-Capim, Astronauta e os pais do Cebolinha e do Cascão.

A história de abertura, e uma das minhas preferidas, é uma mistura de história da Turma da Mônica com uma adaptação de Um Conto de Natal de Charles Dickens. Eu gostei que nessa história eles não fizeram o óbvio, que seria recontar a trama do conto original apenas substituindo os personagens, mas eles encaixaram o conto dentro de uma historinha padrão da TdM. Achei a história bonita e que me prendeu bem na leitura.

Turma da Mônica Os Três Espíritos do Natal

A outra história que quero destacar é a história do Papa-Capim. Para quem não conhece esse personagem meio que "Segunda Divisão" do Maurício, o Papa-Capim é um índio raiz que vive com a sua tribo e tem pouco contato com a civilização.

Nesta historinha, ele não conhece o Natal e é convidado por um casal sem filhos que quer comemorar o Natal, porém não tem nenhuma visita para receber na data. Eles acham o Papa e convidam-no para a ceia e explicam para ele o que é celebrado nesta data.

Papa-Capim fica confuso, mas celebra o Natal com eles assim mesmo. Em determinado momento, o homem que convidou Papa sai de fininho para se vestir de Papai Noel e presenteá-lo. Papa acaba vendo o homem trocando de roupa e vendo que ele não era o Papai Noel. 

Após se despedir do casal, Papa Capim rouba a roupa de Papai Noel, se veste como bom velinho e presenteia o casal com vários peixes que ele tinha pescado.

Achei uma história singela e bonita com um choque cultural. Mas acho que hoje em dia a Maurício de Sousa Produções, capitaneada pelos herdeiros do Maurício, nunca republicaria essa histórinha por alguma idiotice como "apropriação cultural", mas eu espero estar errado.

Natal do Papa Capim

E, por último, mas não menos importante, esse Especial de Natal tem algo que eu não me recordo de ter visto em outro gibi da Turma. Nela, foi publicada uma oração enviada por um leitor chamado Altamiro Fernandes da Cruz, morador de Belo Horizonte e na época com 63 anos. Hoje, se vivo, tem 84 anos.

Eu dei uma de Neófito e fui estalquear o senhorzinho que enviara a carta. Aparentemente, ele era um PM de Belo Horizonte e que tem um site muito raiz ainda no ar onde publicava suas fotos, textos, crônicas e poesias.

Altamiro Fernandes da Cruz
Clique na imagem para ampliar

Achei muito bonita a oração dele!

Era isso, pessoal, espero que tenham gostado e que, apesar de tudo de ruim e de pior que acontece nesse país amaldiçoado, consigam ter um feliz Natal e um próspero Ano Novo!

Abraço!

PS: Deixo aqui meu agradecimento por algumas informações adicionais que peguei no sempre ótimo Guia dos Quadrinhos, além da imagem de capa.


20/12/2025

Trocando socos com "O Silmarillion"

O Silmarillion - J.R.R. Tolkien

Após mais de 20 anos depois de eu ter lido "O Senhor dos Anéis", finalmente resolvi me aventurar e ler "O Silmarillion", um dos grandes clássicos de John Ronald Reuel Tolkien, aka J.R.R. Tolkien.

O Silmarillion é considerado por muitos uma espécie de Bíblia do Universo Tolkeniano. Além dos mitos da criação de Eä, o mundo onde fica a Terra Média, O Silmarillion, possui paralelos com a Bíblia.

Se na Bíblia cristã Deus fez o verbo, aqui Ilúvatar (o Deus deste universo), logo após criar os primeiros seres, os Ainur, "falou com eles propondo-lhes temas de música; e cantarem diante dele e ele estava contente".

Apesar de não usar a palavra "anjo" em nenhum momento do livro, os Ainur podem ser entendidos como tais. Porém, diferente dos anjos, os Ainur foram mandados para a Terra para dar uma ajeitada nas coisas antes que os Primogênitos, como são conhecidos os Elfos, por serem as primeiras criaturas de Eä a se comunicarem por fala.

Além disso, temos Melkor, depois conhecido como Morgoth, assim nomeado por Fëanor depois do roubo das Silmarils, o mais poderoso dentre os Ainur, pois a ele "tinham sido dados os maiores dons de poder e conhecimentos, e ele tinha um quinhão de todos os dons de seus irmãos".

Morgoth/Melkor
Morgoth/Melkor gerado por IA

Melkor, antes mesmo do princípio dos tempos, já estava em desacordo com Ilúvatar, algo mais ou menos parecido com Deus e Lúcifer (me desculpe os erros bíblicos, mas faz muito tempo desde a minha catequese) e, em tempos vindouros, tornar-se-ia o grande flagelo de Elfos, Humanos e Anãos, distorcendo as criações de Ilúvatar.

Esse é um resumo bem resumido de O Silmarillion. Mas por que o título dessa resenha é "trocando socos"? 

12/12/2025

Trabalho remoto é vida, nunca mais quero voltar a trabalhar presencialmente

 Trabalho remoto é vida, nunca mais quero voltar a trabalhar presencialmente.


Acorda muito cedo, pega trânsito, enfrenta calor, chuva, alagamento, assalto, ônibus lotado, sujo e quente, barca lotada, suja, quente, gente fedendo, gente gritando, gente mal-educada, gente pedindo dinheiro, gente querendo te vender alguma coisa da hora que você bota o pé pra fora de casa até a hora que você volta, não tem tempo para cozinhar, come porcaria na rua, chega em casa cansado sem ânimo de fazer nada, não passa tempo de qualidade nenhum com seus filhos e cônjuge, já acorda no domingo pensando que no dia seguinte todo o ciclo vai ser repetir.

Trabalho presencial nunca mais, viva o trabalho remoto!

trabalho remoto vs trabalho presencial


09/12/2025

O Triste Fim de Policarpo Quaresma: O Guia para desistir do Brasil de uma vez por todas

O triste fim de policarpo quaresma capa
Capa sem sentido da minha cópia de R$1,99 da editora "Ingrid Almeida". Nela vemos um soldado segurando um frasco (??) e outros soldados portando armas que não existiam na época do livro. Ao fundo, aviões, sendo que no livro inteiro não há nenhuma menção a eles

No embalo da releitura de "Memórias Póstumas de Brás Cubas", resolvi ler logo outro livro nacional que estava no meu backlog há muito tempo, aguardando a sua vez: O Triste Fim de Policarpo Quaresma.

Auto-publicada em 1915, em formato de livro, após ter sido lançada em folhetim nos jornais em 1911, a história se desenrola em 1892 durante o governo de Floriano Peixoto.

A história, para mim, tinha altos e baixos no começo. As partes boas eram as focadas no protagonista, o "Major" Policarpo Quaresma, e em seu nacionalismo ufanista e cômico em relação ao Brasil. Conhecendo o país praticamente apenas por livros que o exaltavam, Quaresma tinha apenas conhecimento teórico das "maravilhas" brasileiras e nenhum prático, criando um nacionalismo vazio dentro de si.

As partes que eu julgava um tanto chatas eram as que focavam nos demais personagens da trama, como Ricardo Coração dos Outros, Adelaide (irmã de Quaresma), Olga (sua afilhada), Ismênia, General Albernaz, Dr. Genelício e Floriano Peixoto, o nosso ex-presidente/ditador da vida real.

No entanto, conforme a leitura foi andando, foi me afeiçoando ou odiando cada um deles e também entendendo o motivo de cada um estar ali na história. Ismênia, por exemplo, mostrava como a mulher de classe média tinha como principal intuito da vida se casar e nada mais; Olga, por outro lado, era a mulher forte e de pensamento crítico, que admirava o padrinho mesmo sem entendê-lo; General Albernaz, um militar fútil que vive de aparências, sempre contando vantagem sobre guerras das quais não participou; e Floriano Peixoto, o político que só pensa em como manter o poder para si próprio e em como se livrar de seus opositores, sem qualquer projeto de desenvolvimento do país (continua atualíssimo até hoje).

O livro é dividido em três partes: na primeira, Policarpo se decepciona com a cultura brasileira após sugerir em uma carta publicada em um jornal que a língua oficial do Brasil fosse o Tupi-Guarani, porque a língua portuguesa era uma língua emprestada pelos "donos" do idioma. Por isso, acabou sendo humilhado e internado em um hospício.

03/12/2025

A Morte de Ivan Ilitch - Leon Tolstói

A Morte de Ivan Ilitch Editora 34

Recentemente li meu primeiro Tolstói, a novela "A Morte de Ivan Ilitch". Resolvi lê-lo porque minha esposa também o leu recentemente e gostou da obra e isso me animou na leitura deste clássico da literatura russa lançado em 1886, portanto, 100 anos antes do meu nascimento.

Devo confessar que sempre fui um tanto "medroso" em ler clássicos da literatura por achar que seriam muito difíceis ou chatos. O mais próximo que cheguei disso foi ler alguns livros de Machado de Assis, como Memórias Póstumas de Brás Cubas, Senhor dos Anéis e algumas adaptações de clássicos da literatura para os quadrinhos.

Disto isto, não sabia muito bem o que esperar dessa leitura. Porém, ela me surpreendeu positivamente.

Fluiu muito bem, muito melhor até do que obras brasileiras do final do século XIX e início do século XX, como os livros de Machado ou Lima Barreto. 

Em certo ponto, isso foi obra também das boas notas de rodapé da edição da Editora 34 (com tradução do ucrâniano naturalizado brasileiro Boris Schnaiderman falecido em 2016), mas a linguagem utilizada como um todo foi bastante acessível para uma obra russa do final do século XIX.