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28/05/2025

Cthulhu: não tão assustador assim

Box Lovecraft Editora Pandorga

Recentemente aproveitei uma das já raras boas promoções da Amazon e comprei um box da Editora Pandorga do autor H.P. Lovecraft, que dispensa maiores apresentações.

Me custou algo em torno de 35 'descondenados' 3 livros com bom acabamento, o box em si, marca páginas e um pôster.

Eu me senti praticamente roubando a editora.

Vale destacar que eu fiquei com vontade de ler alguma coisa do Lovecraft porque eu li recentemente três livros de contos do Conan lançados também pelo Pandorga e no último livro tem alguns contos em que se nota que Conan luta contra inimigos que são descritos como "horrores cósmicos", difíceis de descrever em palavras.

Nas notas da edição, o autor conta que isso foi influência que a obra de Lovecraft exerceu no no Robert E. Howard. Ambos eram contemporâneos e chegaram a trocar cartas.

Fiquei interessado e comprei os livros do contos do Lovecraft. Aproveitei e comecei logo pelo livro que tinha sua obra mais famosa, o conto do Cthulu.

Sinceramente, não achei nada demais.

Não gostei do estilo da narrativa, onde o personagem principal conta a investigação que seu falecido tio fazia sobre cultos obscuros, investigação essa que acabou levando-o a morte, a princípio por causas naturais, mas depois acaba descobrindo que não foi bem assim.

O conto inteiro, dividido em dois capítulos, tem um ritmo arrastado, com o protagonista narrando as descobertas do seu tio e suas próprias descobertas, além das desventuras de outros personagens envolvidos na trama.

Mas nunca vemos diálogos ou ouvimos as vozes desses personagens (muito mais interessantes que o protagonista, diga-se de passagem), apenas a narração dos acontecimentos.

Não achei ruim o conto, porém esperava mais. Agora estou com uma preguiça danada de continuar lendo e sequer cheguei na metade do primeiro livro.

Alguém poderia me dar uma palavra de incentivo para continuar a leitura?


06/05/2025

Por que a internet não é mais divertida parte 2 - Não conheça seus ídolos

Eu achava o Gaveta divertido, cheguei a acompanhar o canal dele durante um tempo pois ele é fera na edição de vídeos.

Mas acabei parando de assistir por motivos de sei lá, a vida foi acontecendo.

Hoje me deparei com esse vídeo dele falando sobre a nova (e desnecessária) adaptação caça-níquel que ninguém pediu de Harry Potter para o formato série. E os comentários dele são decepcionantes. 

Eu não acompanho muito a J.K. Rowling, autora da série HP, mas sei que ela tem falando contra as "mulheres trans", ou seja, homens que se acham no direito de serem tratados como mulheres. 

E, pelo pouco que vi, ela tem dito apenas o óbvio: as mulheres estão perdendo espaço na sociedade para essas/esses/essus/essxs "neo-mulheres". 

Falou apenas o óbvio.

Até apanhar para homens nas artes marciais está liberado, e aí de você caso queira se opor a um homem espancando uma mulher! 

Tal qual o Jovem Nerd e o Azaghal, o Gaveta deve ter ganho bastante dinheiro, o famoso "fuck you money", para poder falar o que bem entender sem ter medo de represálias. E eu não julgo, faria o mesmo se pudesse. Faço em doses homeopáticas aqui nesse blogger porque quase ninguém lê mesmo.

Mas também é bastante fácil falar o que quiser quando você está do lado politicamente correto.

Eu não digo que o Gaveta era um ídolo meu. Isso passa muito, mas muito longe de ser verdade.

Mas quando vi esse vídeo dele essa foi a primeira coisa que me veio à cabeça: Não conheça seus ídolos.

***
TL;DR

Relendo o que escrevi achei que talvez tenha ficado um pouco contraditório meu argumento, vou tentar resumir:
  • Se eu tivesse o "fuck you money" como ele parece ter, eu também falaria minhas opiniões sem muito filtro (muito embora se eu tivesse essa grana toda eu não ia ficar na internet fazendo vídeo);
  • A opinião dele sobre a J.K Rowling falar o óbvio e defender as mulheres é decepcionante. Parece até que ela sai à noite procurando um trans pra espancar no meio da rua.
***
Update

16/04/2025

Por que a internet não é mais divertida

Me peguei pensando nos últimos dias porque a internet não me diverte, entretém e encanta como era há mais ou menos uns 10 anos atrás.

Tal como os antigos Maias, Astecas e Karatecas, quando eu trabalhava presencial (crê em Deus pai, me livrai deste mal, amém), eu fazia todo o meu trabalho em duas ou três horas e tinha que passar o resto do expediente enrolando.

Nossa, e como era fácil fazer isso naquela época.

Eram incontáveis, sites e blogs, toda semana praticamente eu descobria um site novo e interessante.

Consigo me lembrar, por exemplo, quando descobri o site do Mises Brasil, o blog do Cardoso, blog do Edney, o Papo de Homem, o Brainstorm 9. Ficava maravilhado com aquele mundo novo de informação.

Tinham também os de nerdices como o Melhores do Mundo (que era divertido antes de um dos integrantes defender espancar o Monark na rua), tinha o Universo HQ, Omelete (antes de virar Omeleft), Jovem Nerd (antes de virar 'Trailer Office' e defender que crianças trans e que essa ideia não foi enfiada quase-que-literalmente na cabeça delas), o site do Pipoca e Nanquim, o Matando Robôs Gigantes (ouvida muito o podcast deles no ônibus, baixava o mp3 no celular, passava por cabo USB e ia ouvindo 3 horas até chegar em casa do trabalho), Kibe Loco (antes de ser vender por dinheiro, ideologia ou coisa que o valha), Jacaré Banguela, tinha o Judão (nossa, esse nome eu desenterrei das profundezas da mente, acho que nem existem mais).

blog melhores do mundo em 2009
Blog do MdM em 2009 com o background "cortina de puteiro"

Isso tudo era divertido. Até que deixou de ser.

Não sei exatamente quando foi que isso aconteceu.

Mas me lembro especificamente do caso do MdM. Acessava esse site todo dia de segunda a sexta para me ajudar a matar o tempo no trabalho. Adorava as piadas internas.

Até que um dia PUFT, do nada eu cansei e nunca mais acessei.

O mesmo aconteceu com vários outros em momentos diferentes.

Acho que isso se intensificou na época do impeachment da Dilma.


Nessa época eu fui demitido da empresa onde trabalhei por quatro anos, pois os clientes haviam minguado.

Então eu decidi que estava de saco cheio de trabalhar com social media e ia ficar em casa estudando para concurso público até passar.

Na época isso era factível, pois não tinha filha nem pagava aluguel. Enfim, estou perdendo o foco.

A questão é que eu não precisava mais matar tempo no trabalho e ficava basicamente em casa estudando o dia inteiro, parava só para fazer os afazeres domésticos e à noite lia uma HQ (já viu o preço de um quadrinho hoje em dia?), jogava Xbox e assistia Netflix.

Lembra quando TUDO que tinha de conteúdo na internet estava na Netflix? Quando streaming era sinônimo de DIVERSÃO e não dor de cabeça? Eu me sentia na vanguarda, um grande FUCK THE SYSTEM com aquela assinatura baratinha de UM streaming o qual você nem precisava pagar, podia pegar a senha emprestada da conta de algum parente.

Bons tempos, né?

Enfim, aos poucos essa internet divertida foi morrendo. Os apps de redes sociais foram entrando e ficando mais e mais tempo na nossa cara.

Nos últimos meses eu me pegava 30, 40, 50 minutos, 1 hora, 2 horas por dia com a cara no Instagram. Como alguém que sai de uma ressaca às vezes eu me perguntava "porra, pra que eu fiz isso? Isso não é saudável, tenho que parar".

Parava um ou dois dias e tinha uma recaída.

Corta para 2024-2025. Mesmo trabalhando home office muitas vezes tinha algum tempo para matar entre entregar uma tarefa e a próxima reunião. 

Um "rolada" no Instagram, uma passadinha na crackolândia do Twitter. Se o tempo era muito ocioso até o moribundo Facebook era lembrado.

Mas é tudo mais do mesmo. Meme, meme, meme, influenciador, perfis e pessoas que eu nem sigo que aparecem na minha timeline, uma ou outra coisa de um amigo, notícia click bait, sensacionalista, FIM DO MUNDO, FULANO DISPARA, CICLANO DETONA BELTRANO, MILIONÁRIO ANTES DOS 24 (SAIBA COMO), AUMENTE SEU PÊNIS, MÃES SOLTEIRAS PROCURAM, BRIGA POR POLÍTICA (my bad, essa eu já fiz muito).

Porra bicho, que saco.

Por "coincidência", apareceu um vídeo para mim no Youtube justamente sobre esse tema da internet não ser mais divertida.

Isso foi logo depois de ver uns vídeos de Jailbreak do Kindle. Desencanto com tecnologia. Esse algoritmo é bom mesmo, works like a charm.

Aí eu me peguei pensando "o que eu diabos fazia há 10 anos atrás para passar o tempo no trabalho?".

Então lembrei desse meu abandonado bloguinho (incrível como o Google não mandou o blogger para o limbo do esquecimento tecnológico e também não investe me nada nele) e dos posts legais que lia nos bloggers da vida.

Além dos blogs sobre HQs, filmes, etc também participei muito da blogosfera de finanças. Hoje aqui lá virou uma cidade fantasma. Acho que todos desistiram depois da ascensão dos influenciadores de finanças (COMENTE, CURTA E COMPARTILHE!). Ou talvez tenham atingindo a tão sonhada independência financeira e não viam mais sentido em escrever um blog para estranhos lerem.

E de quem é a culpa então da internet não ser mais divertida, afinal?

Das redes sociais, dos políticos, das big techs, do capitalismo, do socialismo, da marcha inexorável do progresso, do zé povão, do afegão médio, do QI 83, minha, sua, nossa culpa.

Enfim, senti vontade de escrever estas patéticas linhas e, quem sabe, recuperar um pouco daquela internet divertida de uma década atrás.

Agora, se me der licença, vou dar uma rolada no meu Instagram.