Fala meus caros leitores, tudo na paz?
Hoje vou falar do quadrinho "Eu, Lixeiro" de Derf Backderf, o mesmo autor de "Meu Amigo Dhamer" e "Kent State - Quatro morto em Ohio", ambas as HQ's já lançadas aqui no Brasil. Essa obra tem 256 páginas, capa dura e é um lançamento da Editora Darkside Books e você consegue comprar com desconto.
Em Eu, Lixeiro, logo no prefácio da obra, Derf diz que trabalhou como lixeiro entre os anos de 1979 e 1980, pouco tempos depois de Jeffrey Dahmer começar a cometer os assassinatos relatados em Meu Amigo Dahmer, tendo inclusive jogado os restos mortais de uma das suas vítimas no lixo comum, já dando uma espécie de "introdução" ao perigoso, sujo, surpreendente e invisível trabalho dos lixeiros.
Ele também nos avisa que apesar de sua experiência na profissão, ele não quis escrever uma HQ autobiográfica no sentido de relatar literalmente suas experiências como lixeiro, tendo optado por usá-las como inspiração, bem como as experiências de outros colegas da mesma área.
A história começa quando o protagonista, o J.B, larga a faculdade e recebe um ultimato da sua mãe, com quem ainda mora: se não vai estudar, vai trabalhar! Sem ter nenhum tipo de qualificação diferenciada que o torne apto para algum trabalho "com ar-condicionado" como ele mesmo diz que procura, J.B acaba conseguindo um emprego na Secretária de Serviços Urbanos da cidade e só descobre que trata-se de um emprego como lixeiro em seu primeiro dia de trabalho.
A partir daí o autor vai intercalando a história principal com a história do próprio lixo, remetendo-nos lá á época em que a humanidade começavam a deixar o nomadismo e se tornar "sedentária", tão logo isso ocorreu a história do lixo começou a ser escrita também.
Segundo o autor, há provas de que na antiguidade as pessoas geravam ainda mais lixo diariamente do que a nossa sociedade atual! Um tanto surpreendente, não é mesmo?
E as informações interessantes/chocantes não param por aí: ainda segundo Derf, no século XV as pilhas de lixo que cercavam os muros da cidade de Paris eram tão altas que comprometeram a defesa da cidade e que foram os ingleses que criaram o primeiro método eficiente de reciclagem de lixo na Europa. Lá por volta do século XIX os "homens dos restos" recolhiam todo o tipo de sujeira da cidade de Londres e os despejavam em terrenos nos subúrbios.
E daí ele segue até chegar nos dias de hoje, nos explicando como são construídos os lixões, a diferença entre lixões mais antigos, criados em uma época em que não havia qualquer tipo de cuidado ou preocupação com o seu impacto ambiental, até os mais modernos. Mas o mais chocante é as proporções que alguns lixões gigantescos tomara, em uma imagem ele nos mostra que alguns lixões são maiores até do que a Estátua da Liberdade!
Ele também nos explica o que é feito com lixões desativados: alguns são aterrados e viram shoppings centers, pasto para gado, criação de porcos ou fazendas de energia solar. Eu nunca tinha parado para pensar nesse tipo de coisa.
Mas não pense que essa HQ é um quadrinho chato, um documentário nos alertando sobre os problemas do lixo, não, a história em si, contanto as "desventuras" da vida de lixeiro é muito interessante! Me peguei ao menos umas três vezes rindo alto com algumas situações vividas pelo protagonista!
Ele não fica só focado no lixo, também tem situações inusitadas vividas porque o protagonista vive em uma cidadezinha pequena do interior, situações relacionadas à política e administração pública local, a má-educação da população, condições climáticas, entre outras coisas.
Eu, Lixeiro - Esse quadrinho valeu a pena?
Existe sim uma crítica social, tem sim muitas informações bem didáticas sobre a produção e descarte de lixo, mas tudo é muito bem amarrado!
Os personagens funcionam, há cenas e diálogos hilários (como as brigas entre os lixeiros e o pessoal do departamento de obras públicas, que inclusive tem uma cena genial envolvendo um gambá) e que parecem muito reais e mesmo quando o autor entra nessas partes de nos ensinar como a indústria do lixo funciona, ele consegue prender a atenção do leitor.
Comecei a ler essa HQ pouco antes de ir dormir, só para ter uma ideia de como ela era e só conseguir largar o quadrinhos depois que eu virei a última página!
Dou fácil uma nota 9.5, foi uma grata surpresa!
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Olá, Estante.
ResponderExcluirCara, nota 9.5 é uma baita nota. Não dou isso daí nem pra 10% de tudo que já li.
Li a HQ anterior do cara e achei meio fraca. Quem sabe um dia encare essa. Já pensou se ele tivesse encontrado restos mortais no lixo do Dahmer. Esse cara fala tanto em Dahmer que me pergunto se ele teria encontrado um lugar ao sol se não tivesse sido colega do psicopata...
Abraços!
Oi, Neófito!
ExcluirEu também li Meu Amigo Dahmer e achei OK, até vendi depois a minha edição. Mas essa realmente me pegou, me diverti lendo! Talvez eu tenha exagerado um pouco na nota, hahaha! Mas colocaria uma nota 9 então.
É, talvez sem a HQ do Dahmer não saberíamos hoje quem é o Backderf. Coisas estranhas da vida!