Mulher-Maravilha: Preto e Dourado foi lançado originalmente em 2021 nos EUA para celebrar o aniversário de 80 anos da criação da personagem do psicólogo William Moulton Marston.
Tal qual outras publicações nessa mesma linha, como Arlequina: Preto + Branco + Vermelho e Superman: Vermelho e Azul, a arte deste quadrinho tem apenas três cores básicas: preto, branco e dourado, e é por aí que quero começar esta resenha.
Utilizar apenas estas três cores dá um destaque incrível para a arte dos diversos desenhistas e coloristas que participam desse projeto. Até mesmo por isso, trata-se do ponto alto (altíssimo, eu diria) dessa HQ.
Apesar de a Panini ser reconhecida pelos seus constantes erros editoriais e gráficos, aqui não há do que se reclamar: o trabalho de produção foi excelente e graficamente falando Mulher-Maravilha: Preto e Dourado é absolutamente deslumbrante!
Já a história em si é composta por dezenas de contos curtos de no máximo oito páginas, todos autocontidos. Como já é de praxe nesse tipo de publicação, a qualidade das histórias oscila demais, tendo algumas histórias muito boas com gostinho de "quero mais" que poderiam ser desenvolvidas em publicações solo dando mais tempo e espaço para os autores desenvolverem seus argumentos.
Já outras são apenas desperdício de papel.
Tem uma em especial que eu preciso destacar porque eu não acreditei quando li. Até reli para ver se eu não tinha entendido direito, mas não me parece que tenha sido o caso.
No conto "Mal Nenhum", Mulher-Maravilha é convocada por Vixen para viajar para a órbita terrestre para investigar um fenômeno chamado "nebulosa", que apesar de inofensivo, tem chamado a atenção da população.
Diana é convocada por Vixen porque apenas ela, graças a seus poderes, é capaz de conversar com os Tardígrados, um animal microscópico (que existe de verdade) que eu tenho certeza que já vi em algum filme ou série, que são os responsáveis por desencadear a tal nebulosa no espaço e que está sendo vista na Terra.
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Esse carinha aí é o Tardígrado |
E os Tardígrados tem um plano para invadir a Terra? Para escravizar os humanos? Talvez eles queiram avisar que o planeta esteja indo para o vinagre e estão metendo o pé igual aos golfinhos de O Guia do Mochileiro das Galáxias?
Não, nada disso!
Os Tardígrados querem conversar com Diana e se valerem de sua experiência diplomática para falarem sobre alterações climáticas e pobreza global. E logo após isso ser revelado a história acaba.
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A autora dessa história é a escritora nigeriana Nnedi Okorafor que, segundo sua página na Wikipédia, é vencedora de vários prêmios literários.
Como uma autora premiada consegue escrever uma história onde esses animaizinhos vão para o espaço para conversar sobre pobreza e alterações climáticas com um super-herói?
Para mim, é apenas um trabalho preguiçoso OU uma oportunidade de utilizar uma personagem famosa para empurrar sua agenda política. Provavelmente as duas coisas.
(e você achando que não teria como superar os carangueijos com asinhas de morcego do Lovecraft, mas que boboca!)
E esse não é o único conto em que isso acontece. Há outro em que a Mulher-Maravilha participa de protestos do Black Lives Matter, por exemplo.
Mas, voltando a falar de coisas boas, gostaria de destacar algumas histórias.
A primeira é "Eu sou eterna", escrita por John Arcudi (Lobo/O Máscara, Hellboy) e ilustrada por Ryan Sook (Hellboy, Buffy). Nela, vemos Diana lutando durante a Segunda Guerra Mundial ao lado de soldados comuns. Depois, somos transportados para o presente, onde em uma reunião da Liga da Justiça, Bruce questiona Diana sobre o quanto ela realmente leva a sério a luta pela humanidade, já que ela é uma semideusa (ou coisa que o valha) imortal com milhares de anos de idade, enquanto a vida humana é tão frágil e fugaz.
A segunda história, escrita pelo australiano Andrew Constant (Etrigan, Batman) e desenhada (lindamente!) pela artista Nicola Scott (que já tinha trabalhado anteriormente na mensal da MM), mostra Diana tendo que sacrificar um amigo querido, pois este enlouqueceu com a idade avançada e o contato com os humanos e tornou-se uma ameaça.
De coração partido, a Mulher-Maravilha roga à Artemis, a Deusa da Fauna e do Mundo Selvagem, que guie o espírito do seu amigo para o além-vida, sabendo que foi muito amado e que possa encontrar a paz, e sua prece é prontamente atendida.
Uma história com roteiro e artes maravilhosos, sem dúvida a mais bela de toda essa publicação.
A terceira e última chama-se "O Profeta", escrita e magistralmente ilustrada por Liam Sharp (Gears of War, Juiz Dredd). Nela, vemos um escritor desesperado por ajuda de sua psicóloga, pois ele vem sendo atormentado por visões cada vez mais reais de uma luta entre Amazonas, que perigosamente estão saindo dos seus sonhos e adentrando o mundo real, até ele receber a visita da filha de Hipólita...
E para quem recomendo Mulher-Maravilha: Preto e Dourado?
Acredito que essa publicação cai bem para quem é muito fã da Mulher-Maravilha ou que está atrás de uma publicação onde a arte seja o grande destaque. Essa HQ é praticamente um livro de arte, tirando uma ou outra história com a arte mais fraca aqui e acolá.
A edição da Panini conta com uma bela sobrecapa, o que nos proporciona ter a arte de duas capas e mais uma terceira na contracapa, pra mim foi uma excelente escolha.
Porém, por se tratar de uma edição comemorativa de 80 anos da personagem, achei que fez falta um texto do editor com um breve resumo das décadas de "vida" da Princesa de Themyscira. Bola fora.
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Galeria de Capas
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