Páginas

16/04/2025

Por que a internet não é mais divertida

Me peguei pensando nos últimos dias porque a internet não me diverte, entretém e encanta como era há mais ou menos uns 10 anos atrás.

Tal como os antigos Maias, Astecas e Karatecas, quando eu trabalhava presencial (crê em Deus pai, me livrai deste mal, amém), eu fazia todo o meu trabalho em duas ou três horas e tinha que passar o resto do expediente enrolando.

Nossa, e como era fácil fazer isso naquela época.

Eram incontáveis, sites e blogs, toda semana praticamente eu descobria um site novo e interessante.

Consigo me lembrar, por exemplo, quando descobri o site do Mises Brasil, o blog do Cardoso, blog do Edney, o Papo de Homem, o Brainstorm 9. Ficava maravilhado com aquele mundo novo de informação.

Tinham também os de nerdices como o Melhores do Mundo (que era divertido antes de um dos integrantes defender espancar o Monark na rua), tinha o Universo HQ, Omelete (antes de virar Omeleft), Jovem Nerd (antes de virar 'Trailer Office' e defender que crianças trans e que essa ideia não foi enfiada quase-que-literalmente na cabeça delas), o site do Pipoca e Nanquim, o Matando Robôs Gigantes (ouvida muito o podcast deles no ônibus, baixava o mp3 no celular, passava por cabo USB e ia ouvindo 3 horas até chegar em casa do trabalho), Kibe Loco (antes de ser vender por dinheiro, ideologia ou coisa que o valha), Jacaré Banguela, tinha o Judão (nossa, esse nome eu desenterrei das profundezas da mente, acho que nem existem mais).

blog melhores do mundo em 2009
Blog do MdM em 2009 com o background "cortina de puteiro"

Isso tudo era divertido. Até que deixou de ser.

Não sei exatamente quando foi que isso aconteceu.

Mas me lembro especificamente do caso do MdM. Acessava esse site todo dia de segunda a sexta para me ajudar a matar o tempo no trabalho. Adorava as piadas internas.

Até que um dia PUFT, do nada eu cansei e nunca mais acessei.

O mesmo aconteceu com vários outros em momentos diferentes.

Acho que isso se intensificou na época do impeachment da Dilma.


Nessa época eu fui demitido da empresa onde trabalhei por quatro anos, pois os clientes haviam minguado.

Então eu decidi que estava de saco cheio de trabalhar com social media e ia ficar em casa estudando para concurso público até passar.

Na época isso era factível, pois não tinha filha nem pagava aluguel. Enfim, estou perdendo o foco.

A questão é que eu não precisava mais matar tempo no trabalho e ficava basicamente em casa estudando o dia inteiro, parava só para fazer os afazeres domésticos e à noite lia uma HQ (já viu o preço de um quadrinho hoje em dia?), jogava Xbox e assistia Netflix.

Lembra quando TUDO que tinha de conteúdo na internet estava na Netflix? Quando streaming era sinônimo de DIVERSÃO e não dor de cabeça? Eu me sentia na vanguarda, um grande FUCK THE SYSTEM com aquela assinatura baratinha de UM streaming o qual você nem precisava pagar, podia pegar a senha emprestada da conta de algum parente.

Bons tempos, né?

Enfim, aos poucos essa internet divertida foi morrendo. Os apps de redes sociais foram entrando e ficando mais e mais tempo na nossa cara.

Nos últimos meses eu me pegava 30, 40, 50 minutos, 1 hora, 2 horas por dia com a cara no Instagram. Como alguém que sai de uma ressaca às vezes eu me perguntava "porra, pra que eu fiz isso? Isso não é saudável, tenho que parar".

Parava um ou dois dias e tinha uma recaída.

Corta para 2024-2025. Mesmo trabalhando home office muitas vezes tinha algum tempo para matar entre entregar uma tarefa e a próxima reunião. 

Um "rolada" no Instagram, uma passadinha na crackolândia do Twitter. Se o tempo era muito ocioso até o moribundo Facebook era lembrado.

Mas é tudo mais do mesmo. Meme, meme, meme, influenciador, perfis e pessoas que eu nem sigo que aparecem na minha timeline, uma ou outra coisa de um amigo, notícia click bait, sensacionalista, FIM DO MUNDO, FULANO DISPARA, CICLANO DETONA BELTRANO, MILIONÁRIO ANTES DOS 24 (SAIBA COMO), AUMENTE SEU PÊNIS, MÃES SOLTEIRAS PROCURAM, BRIGA POR POLÍTICA (my bad, essa eu já fiz muito).

Porra bicho, que saco.

Por "coincidência", apareceu um vídeo para mim no Youtube justamente sobre esse tema da internet não ser mais divertida.

Isso foi logo depois de ver uns vídeos de Jailbreak do Kindle. Desencanto com tecnologia. Esse algoritmo é bom mesmo, works like a charm.

Aí eu me peguei pensando "o que eu diabos fazia há 10 anos atrás para passar o tempo no trabalho?".

Então lembrei desse meu abandonado bloguinho (incrível como o Google não mandou o blogger para o limbo do esquecimento tecnológico e também não investe me nada nele) e dos posts legais que lia nos bloggers da vida.

Além dos blogs sobre HQs, filmes, etc também participei muito da blogosfera de finanças. Hoje aqui lá virou uma cidade fantasma. Acho que todos desistiram depois da ascensão dos influenciadores de finanças (COMENTE, CURTA E COMPARTILHE!). Ou talvez tenham atingindo a tão sonhada independência financeira e não viam mais sentido em escrever um blog para estranhos lerem.

E de quem é a culpa então da internet não ser mais divertida, afinal?

Das redes sociais, dos políticos, das big techs, do capitalismo, do socialismo, da marcha inexorável do progresso, do zé povão, do afegão médio, do QI 83, minha, sua, nossa culpa.

Enfim, senti vontade de escrever estas patéticas linhas e, quem sabe, recuperar um pouco daquela internet divertida de uma década atrás.

Agora, se me der licença, vou dar uma rolada no meu Instagram.


24/08/2022

Boa Noite Punpun: O trenzinho do Hype decepciona mais uma vez

Fala caros leitores do Estante Nerd, tudo na paz?

Hoje vamos falar do mangá Boa Noite Punpun, de Inio Asana, publicado no Brasil pela Editora JBC. O volume 01 tem 432 páginas, foi relançado por aqui originalmente em 2019 e ganhou uma reimpressão agora em 2022.

Boa Noite Punpun volume 01

Sem mais delongas, vamos a sinopse deste mangá que eu achei no site oficial da JBC:

“Boa Noite, Punpun” (Oyasumi Punpun), um dos grandes sucessos do renomado autor de mangás Inio Asano, o mesmo de Nijigahara Holograph e Solanin, está chegando pela primeira vez ao Brasil pela Editora JBC!

Publicado originalmente pela Revista Weekly Young Sunday (Editora Shogakukan), de março 2007 a novembro de 2013, a obra escrita e ilustrada por Asano narra a história do garoto Punpun Punyama, que tem uma característica curiosa: enxergar a si mesmo e a sua família como passarinhos. A trama compreende quatro fases distintas da vida de Punpun: o Ensino Infantil, o Fundamental, o Médio e, por fim, a chegada aos seus 20 anos de idade.

Neste mangá do gênero slice of life, os temas abordados mostram o início da vida de um adolescente nos aspectos psicológicos, físicos e sociais. Por ser denso e tratar de temas atuais como depressão, autoestima e discussões da vida moderna, a obra ganhou a atenção de leitores do mundo todo e foi destaque em premiações como recomendação do Júri, no 13º Japan Media Arts Festival Awards (2009) e como indicado a Melhor Edição Americana de Material Internacional (Ásia) no Eisner Awards (2017).

Complementando a sinopse da JBC, a trama gira em torno de Punpun, um adolescente japonês que está entrando na adolescência e vive os dramas da idade, como a paixão por Aiko, sua nova colega de classe, a pressão para escolher uma profissão e a descoberta da sexualidade.

Para complicar ainda mais, seus pais tem um relacionamento extremamente conturbado. Tudo isso faz com que Punpun veja a si mesmo e a sua família de forma diferente das outras pessoas, por isso ele é retratado como uma espécie de passarinho na história, enquanto seus amigos são "normais", mas todos eles enfrentam seus próprios dramas pessoais.

Uma coisa que me incomodou bastante nesse mangá é que os adultos desta história, muitas vezes se comportam como completos loucos e sem um motivo aparente, pelo menos até o fim do primeiro volume. 

Boa noite punpun

Não sei se não entendi a metáfora da história, mas isso me incomodou, pois ficou parecendo simplesmente "maluquice por maluquice". Chega ao ponto de em alguns momentos as expressões destes adultos me lembrarem um mangá de terror de tão esquisito.

Quando terminei de ler este primeiro volume fui procurar algumas resenhas e todas, sem exceção, são muito elogiosas a obra e se mostram muito empolgadas com a qualidade da mesma. 

Boa Noite Punpun vale a pena?

Eu reconheço que ela tem qualidade sim, mas não compartilho de tamanha empolgação com esta obra e não vou continuar acompanhando mais seis volumes de Boa Noite Punpun (são 7 ao todo).

Se ele ainda fosse menor e tivesse umas duas ou três edições ao todo eu até continuaria lendo, pois até o final de obra vamos acompanhar os personagens crescendo e chegando até a vida adulta, algo semelhante ao filme Boyhood, mas tenho muitos quadrinhos e livros para ler e pouco tempo e dinheiro disponíveis, então priorizar é preciso.

Dou uma nota entre 6,0-7,0.

E você caro leitor, o que achou de Boa Noite Punpun? 

Boa noite punpun ler online


17/08/2022

Mágico Vento 02 - Garras: Vale a pena?

Fala, leitores do Estante Nerd, tudo bem?

Lembram que há algumas semanas atrás eu fiz o review do volume 01 de Mágico Vento e que fiquei na dúvida se leria o volume dois por ter achado o volume 01 apenas "morno"? Pois bem, li o segundo volume dessa série da editora italiana Bonelli e trago aqui a minha opinião sincera.

Mágico vento garras

A publicação tem 100 páginas em preto e branco, capa cartão e papel off-set e é publicado no Brasil pela Editora Mythos.

Nesse segundo volume, Ned Ellis (o nome civil do Mágico Vento) e Poe retornam à aldeia Sioux que é o, digamos, "lar adotivo" do Mágico Vento. Chegando lá eles encontram os membros da aldeia aos prantos, pois um jovem menino foi sequestrado por uma águia e ninguém conseguiu encontrar o garoto, não sabendo até então se ele estava vivo ou morto. 

Claro que sobrou para o Mágico Vento resolver esse mistério, enquanto descobre coisas sinistras sobre o passado de membros de sua aldeia.

Nessa trama a pegada sobrenatural iniciada no final do primeiro volume fica ainda mais intensa, deixando o Poe perplexo e assustado com o que vê, simbolizando a estranheza do homem civilizado com as práticas místicas dos Sioux.

Um ponto que achei estranho nesse segundo volume é como o Poe, um jornalista que vive em uma cidade grande, conseguiu se dar tão bem e tão rapidamente com os membros da tribo de Ned, e também como conseguiram tantos índios que sabem falam inglês fluentemente em uma mesma tribo a ponto de se comunicar sem problemas com um homem branco que não sabe falar o idioma local, porém relevei isso, são conveniências do roteiro para fazer a trama fluir bem, e não da para negar que funciona bem.

Mágico Vento 02 - Garras: Valeu a pena?

Mágico Vento 02 Garras

Quanto terminei o volume 01 de Mágico Vento eu o avaliei como "morno" uma obra que tem uma nota ali por volta de nota 7,0-7,5. Não é muito boa, muito menos ruim, e fiquei na dúvida se leria a segunda edição.

Lendo alguns comentários na internet, vi pessoas dizendo que daqui pra frente só melhorava e que "Garras" era uma história ótima e resolvi dar mais uma chance.

Dito isto, continuo achando a história "morna". É um roteiro legal, história fechadinha, mas talvez esse tema de cultura índigena e western no geral não sejam para mim, mas não deixa de ser uma leitura interessante.

Como pontos positivos posso destacar os mesmos do volume 01: a história "anda" o tempo todo, não tem enrolação em momento algum, a arte é competente e o desfecho é satisfatório.

No entanto, acho que posso dizer que estou começando a me apegar a dupla Ned&Poe. Além disso, estou muito saturado de HQs de super-heróis e mangás tem séries longas demais que cansam de acompanhar por tanto tempo, então é bem provável que eu leia o terceiro volume da série do Xamã Mágico Vento e seu amigo jornalista atrapalhado.